Aos responsáveis pelo escandaloso ato de censura no Stoa: aprendam a rir de si mesmos (Luiz Yassuda)

Postado por Luiz Yassuda

Tendo lido a carta com um pedido de desculpas do Prof. Dr. Ewout ter Haar sobre o ocorrido com uma brincadeira de 1º de abril do Everton neste mesmo Stoa e, pior, a atrocidade de removerem o usuário Tom (Everton), que não só ajudou a levantar como foi (ou é ainda) o maior incentivador de discussões aqui no Stoa e sobre o Stoa fora da USP, é necessário que mais uma voz se faça presente nesta rede, e eu estou disposto a isto (caso o post também for removido, será a hora de jornais e blogs externos ouvirem também).

Como os autores da condenável censura não perceberam, o dia 1º de abril é uma data mundialmente famosa. Trata-se do Dia da Mentira, que proporciona brincadeiras sadias entre amigos e colegas, mas que também pode gerar notícias confusas na Mídia Tradicional, bem como episódios clínicos, como o dia em que Bart Simpson colocou o seu pai em coma (antes de levarem a sério este último dado, saibam: trata-se de um personagem de um famoso desenho animado estadounidense, o Bob Esponja).

Falando um pouco mais da brincadeira que toma a forma de notícias confusas na Mídia, todos aqui devem conhecer a famosa história do boimate na Veja de 27 de abril de 1983. Eu não era nascido, mas com certeza o responsável pela censura era. A notícia foi gerada na revista por culpa de uma brincadeira plantada em uma revista inglesa de ciência. Trata-se do mais famoso caso de primeiro de abril aqui na terra que tem palmeiras onde canta o sabiá.

As publicações inglesas, protagonistas de uma série de outras brincadeiras, tais quais publicações americanas ou de outras nacionalidades não-anglicanas, parecem confiar em duas coisas para lançarem notícias falsas na data:

1) Confiam no conhecimento de seu leitor a respeito da data

2) Confiam no discernimento de seu leitor, por se tratarem de notícias absurdas, quase sempre pouco verossímeis.

Mas 1983 não é 2009. E tampouco falamos de toda a sociedade de um país, com diferenças sociais, econômicas e educacionais gritantes em que não se pode confiar no conhecimento de ninguém. Falamos da Universidade de São Paulo, aquela que, por excelência, escolhe para abrigar por 4 (ou 5, ou 6, ou 10, ou…) anos alguns poucos bravos que ou tiveram tudo do bom e do melhor em termos educacionais ou que ralaram muito para conquistar uma vaga no corpo discente.

Dentro da Universidade de São Paulo, entre alunos, professores e funcionários, esperamos uma comunidade que gere conhecimento para a sociedade, sim, mas esperamos que a própria comunidade uspiana seja dotada de conhecimento para compartilhar, de sabedoria para analisar e que, finalmente, possa discernir sobre os caminhos a serem tomados. Está no brasão desta Universidade: a ciência vence. E deve vencer por justiça.

Voltando ao caso do Stoa, é impraticável que um órgão qualquer da USP, qualquer um que seja, possa esconder o sol com uma peneira. A faculdade tem problemas e algumas resoluções apontadas por líderes estudantis, dos docentes e dos funcionários não são a voz da maioria. Visto que a Internet proporcionou uma abertura de possibilidades de comunicação e expressão, os burburinhos dos corredores podem ser, enfim, externados. Não que sejam vozes majoritárias, mas são vozes. E a Internet as coloca em condições de igualdade, para que uma opinião possa vencer, com justiça, pelo que ela apresenta em seus argumentos.

Se uma brincadeira sobre a atitude grevista incomoda, que se abra a discussão entre as opiniões. Se o órgão responsável pela censura ao perfil do Everton não confia no conhecimento dos uspianos sobre o 1º de abril (ou mesmo não sabia sobre a data), que se manifeste o desentendimento.

E se, depois de todas as explicações dadas sobre a data e sobre o ocorrido, a punição à pessoa que tornou esta comunidade online possível ainda for mantida, que se aprenda a rir de si mesmo, USP. O que não podemos é, por birra, não acreditar no discernimento que os uspianos devem ter.

Do contrário, a universidade que este órgão acredita defender não vale a defesa.

Palavras-chave: 1º de abril, boimate, censurastoa, tom, usp

6 Respostas to “Aos responsáveis pelo escandaloso ato de censura no Stoa: aprendam a rir de si mesmos (Luiz Yassuda)”

  1. Censura na USP « o boteco barroco Says:

    […] Aos responsáveis pelo escandaloso ato de censura no Stoa: aprendam a rir de si mesmos (Luiz Yassud… […]

  2. Na cabeça da reitora, a USP já foi privatizada: pra ela! | Trezentos Says:

    […] Aos responsáveis pelo escandaloso ato de censura no Stoa: aprendam a rir de si mesmos (mensagem de Luiz, estudante de Publicidade) […]

  3. Sobre meu afastamento do Stoa por causa de uma brincadeira de 1º de abril até a exclusão da minha conta « Blog do Tom Says:

    […] Aos responsáveis pelo escandaloso ato de censura no Stoa: aprendam a rir de si mesmos, por Luiz Yassuda […]

  4. Sobre meu afastamento do Stoa por causa de uma brincadeira de 1º de abril até a exclusão da minha conta « Ars Physica Says:

    […] Aos responsáveis pelo escandaloso ato de censura no Stoa: aprendam a rir de si mesmos, por Luiz Yassuda […]

  5. Túlio Vianna Says:

    Isso não tem nada a ver com censura. Censura é ameaça ao direito à livre manifestação de pensamentos, idéias. Não existe um direito à livre divulgação de fatos falsos sobre a vida de outrem. Isso, aliás, é crime, seja no dia 1º de abril ou nos outros 364 dias do ano.

    Confiram a explicação detalhada em:

    1º de abril não é “Dia da Difamação ou da Calúnia”

  6. Olé Says:

    É isso aí, Túlio! Vou andar com uma câmera por ai para prender todo mundo no dia primeiro de abril de 2010! As brincadeiras não poderiam existir! O primeiro de abril é uma farsa!

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